sexta-feira, 21 de setembro de 2012

dos 6 para os 25

Ei, adulta,

onde você tava quando me perdeu?
Eu pensei que estaria com você até sempre... que você me teria nos sorrisos, nos olhos, nos desejos, nos sonhos, nas esperanças, pela vida inteira...
Mas em algum momento nossas mãos escorregaram, e eu fiquei aqui, sozinha, te vendo seguir meio perdida, e se transformar em alguém que me surpreende.
Algumas coisas eu até entendo que fui eu que tinha uma noção totalmente diferente da realidade... por exemplo: cadê a casa, o carro, os filhos? Agora eu entendo que essas coisas dependam de mais do que simples vontade.
Mas o que me espanta é olhar pra você e não encontrar a vontade que eu tenho. Os sonhos vivos e a meta de realizá-los que eu tenho. Não vejo em você nem um pouco da minha alegria... E muitas pessoas que estão do meu lado agora? Por que não estão com você também?
Você parece tão cansada, tão desanimada... tão triste. E quando vejo que você está assim é que me sinto mais distante...
Eu ainda acho alguma coisa de mim com você, sabe?! Sua personalidade é bem parecida com a minha. Você não leva desaforo pra casa, eu também não. Você e eu não desistimos facilmente das coisas em que acreditamos. Você e eu somos guiadas pelo amor. Eu me vejo com você quando está com as crianças... no tanto de admiração e amor pelos seus pais... Eu me vejo com você sempre que você está sorrindo pra quem ama. Essas coisas eu gosto de ver em você, mesmo aí, tão distante de mim.
Às vezes, você se ilumina por um tempo, em alguma gargalhada, e eu me encho de esperança, achando que você vai me ver logo, logo. Mas, de repente, seus olhos vão se apagando... a luz dá lugar à lágrima, e eu me sento quietinha de novo, ainda distante.
Eu espero poder te reencontrar. De verdade. Talvez um dia você se lembre de mim e volte pra me buscar. Eu vou estar aqui, te olhando de longe, tentando entender o lugar aonde você está indo agora. Quem sabe eu não te faça sorrir de novo? Quem sabe eu não te convença a acreditar mais? Talvez você volte a sentir aquela coisinha boa que eu sinto aqui dentro de mim, você lembra?!
Talvez comigo você consiga ter um pouquinho daquela luzinha que chamam de felicidade e paz.

Um beijo da criança que você foi.

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