sábado, 30 de junho de 2012

sobre a falta

tenho sentido muita falta.
não exatamente uma falta nostálgica, mas uma falta vinda do dar-se conta de que as coisas não mais serão como já foram um dia.
sinto falta de ter certeza dos amigos que tenho, de acreditar que amizade é pra sempre e que vou envelhecer sendo amiga das pessoas que conheci na" maternidade". hoje, acho até que as pessoas de agora que vão chegar comigo na idade mais avançada talvez nunca (ou só daqui a muito tempo) saibam quem eu sou. mas gostaria muito de me surpreender, rindo - ou reclamando - aos 73 anos com algumas pessoas que tenho perto...
sinto falta de ter tempo, ou de conseguir fazer meu tempo render, com cinco atividades por dia, dormindo poucas horas e acordando no dia seguinte com disposição pra recomeçar tudo de novo.
sinto falta de ter uma vida só. (mas por essa vale a pena passar, porque acredito que um dia não vai ser mais necessária.)
sinto falta de ter ânimo. de ter alegria. de traçar mil planos e acreditar que vou conseguir realizar todos eles. de querer (e de poder) fazer alguma coisa pra mim. de querer sair e viver a vida, em vez de querer só sentar na janela e ver que ela acontece lá fora. falta de fazer bem.
hoje tenho preguiça, cansaço, desesperança... não curto essa fossa, mas ela se instalou em mim, e não consigo me livrar dela. e pesa. como pesa.
tenho a sensação de ter vivido muitas vidas em pouco tempo, e queria descansar um pouco. apertar o pause, e só descansar...

esse post é um "expirar". uma tentativa de suspiro, de respirar fundo e soltar aquela angústia lá do fundo do peito. talvez seja uma tentativa de me entender, de me acordar. ou talvez não seja nada com coisa nenhuma, mesmo.
pode ser saudade do tio, da avó, da saúde e da independência do irmão, da minha casa arrumada, de alguns abraços, de algumas vozes...
ou a época do ano. podem ignorar.

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