sábado, 24 de abril de 2010

Quantas pessoas conhecem você?

Quem te conhece?
Quem realmente sabe quem você é por inteiro?

Cheguei à conclusão que ninguém sabe quem sou. E quando eu digo ninguém, me incluo também.

Meus pais, por exemplo, me conhecem muito bem. Eles me sabem filha. Mas desta filha eles não conhecem muita coisa... muitas convicções, muitos pensamentos, muitos planos. Não porque não tenha liberdade de falar com eles, mas porque há coisas que não preciso dizer.

Os amigos criam diferentes versões de nós. Minha amiguinha da segunda série conhece apenas uma versão pequena. Os amigos de colégio conhecem uma outra versão, bem diferente da conhecida pelas amizades de faculdade (pelas amizades, não pelos "colegas de classe". Estes sabem apenas meu curso e nome, e olhe lá.).

No trabalho, tenho duas versões: amiga (sim, eu tenho amigos muito queridos no ambiente de trabalho) e profissional.

Existem algumas pessoas de quem não consigo me esconder, mesmo quando me esforço. Tenho uma amiga assim. Ela conhece até as versões que eu tento esconder... percebe o TOM que estou usando em um bate-papo na internet e vê que não estou bem. Ela me assusta! E eu amo isso!

No amor, eu encontrei quem me conhece melhor. Quem conhece mesmo as versões que eu não sabia exercer. Ele também não me conhece por inteiro, mas com certeza me conhece, talvez até melhor que eu! O lado ruim é que ele também conhece as minhas versões de teste, as não muito legais, as que têm falha.... O lado bom é que ele aceita todas e me mostra qualidades em versões que eu não aceitava que pudessem ser boas.

E eu, bem, eu não me conheço por inteiro, mesmo. Nunca vou conseguir conhecer. Cada vez que me acostumo com o eu atual, chega um detalhe que o altera e me torno outra, me surpreendendo. Assim, vou crescendo, me conhecendo, me descobrindo. Às vezes gosto, às vezes, não. Mas, mesmo que eu mude aquilo de que não gosto, isso persiste, existe em mim. E eu existo sendo a versão anterior somada àquele novo ingrediente.


Não, ninguém me conhece nem nunca vai conhecer. Mas não há nada melhor do que esse processo de identificação, principalmente quando partilhamos com pessoas queridas e encontramos muitas delas no caminho. É surpreendente o que as pessoas podem revelar de nós.

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